Fases da vida
- Adalto Luiz Chitolina
- 25 de set. de 2020
- 2 min de leitura
Tem uma fase da vida que, tudo em nós, está voltado para o crescimento e a expansão do EGO. E é necessário que seja assim, pois é o tempo em que buscamos crescer, ampliar nossos horizontes, conquistar, expandir: é o tempo da formação acadêmica, das conquistas materiais, da ascensão a alguns cargos, da constituição da carreira, enfim, é o ciclo normal da vida de uma pessoa saudável. Longe de ser um problema, é muito importante que seja assim. Contudo, isso é para um tempo (que coincide mais ou menos com o tempo cronológico da vida). Começa então uma nova fase. Entramos em "crise". Os teóricos nomeiam esta crise com vários títulos. Crise dos 40, idade do lobo, crise da meia-idade, demônio meridiano, etc... É um tempo muito esquisito para quem precisa viver. Claro, todos tentamos, de alguma forma, nos esquivar desta crise. Mas, implacavelmente ela nos pega a todos. A alguns de forma mais amena, a outros, porém de forma muito intensa. É a fase do encontro do EGO com o SI MESMO. Surgem verdades antes não vistas. Ou, vistas e não compreendidas. O EGO vai perdendo a sua hegemonia. É a fase em que a pessoa se pergunta "e daí?", e agora? Jung diz que aqui começa o processo de síntese da vida. As questões internas (do Si Mesmo) se fazem ouvir cada vez mais fortes. Por isso é chamada a fase da crise. Surge uma sensação interior de vazio, de inutilidade, de insignificância geral não obstante tudo o que foi conquistado. É então que abre-se a possibilidade para uma outra fase, talvez a mais bonita, psicologicamente falando. É a fase do SI MESMO, quando o que passa a ter mais importância já não está na esfera do EGO, mas na esfera interior, do SI MESMO, daquilo que verdadeiramente o indivíduo é. É o tempo do aquietar-se (diferente de não fazer mais nada, não conquistar nada, não sonhar mais, etc...) e encontrar a razão do existir em outras coisas, não mais na exterioridade. É como olhar para o horizonte e ver para além dele, enxergando o que antes não se enxergava. Aqui, nesta etapa da vida, valores Transcendentes vão ocupando muito espaço no sujeito, de forma silenciosa, oculta, mas cada vez mais profunda. Agora, estabelece-se uma conexão muito intensa e ao mesmo tempo necessária entre o SI MESMO e o TRANSCENDENTE. E é daqui que brota o anseio tão eloquente em cada um, de viver uma vida diferente da que foi vivida até então. Nada extraordinário, se pensarmos que é o caminho do retorno para Aquele de onde viemos. Sim, isso se chama EXISTÊNCIA. Fora disso, há apenas vida.
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