- Adalto Luiz Chitolina
- 10 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Vida e existência...
Basicamente são dois processos que caracterizam um ser vivo. Um chama-se vida e o outro existência.
O primeiro é puramente biológico. Depende exclusivamente do corpo em que ele está se manifestando. Qualquer ser vivo é portador dele, e dele todos devem cuidar, zelar, primar pela sua conservação. E toda criatura busca viver com a melhor qualidade, dentro das possibilidades que lhe são oferecidas.
Já, o segundo, a existência, é um processo mais complexo. Ele não depende só do biológico. Ele compreende questões mais profundas, como o sentido, a vontade, a escolha, a liberdade, atributos que são encontrados apenas nos seres humanos. Por isso que eu disse acima que, qualquer ser vivo é portador do processo chamado vida. Mas não se pode falar em existência em todo ser vivo. De existência, apenas os seres humanos falam.
Viver exclusivamente o processo chamado vida, é muito pouco. Claro, já é bastante e acho até que é muito viver, mas aqueles que apenas vivem, não se distanciam muito do que é próprio dos animais.
A existência é uma proposta que vai muito mais além. Nela estão raízes da nossa essência voltada ao Transcendente. Por isso que existir é mais que viver. Existir é distanciar-se da condição animal, para fazer valer o estar no universo. Um animal, vive, se desenvolve e morre. Um ser humano, vive, cresce, amadurece, ama, se volta para Quem o criou e busca se transformar em alguém muito melhor.
Quem apenas vive, satisfaz instintos de sobrevivência, o que, obviamente, é extremamente necessário para a manutenção do processo.
Quem existe, além disso, se guia para além de si próprio, e busca o que o pode tornar mais do que é. Quem existe dá sentido à própria vida. Quem existe não se contenta com a mera evolução natural do seu corpo biológico, mas busca desenvolver o que há de mais profundo e mais elevado em si. Quem existe, a cada passo busca a união mais profunda com o Transcendente. Quem existe, não apenas sabe que tem vida, mas tem consciência de que precisa avançar, crescer, se desenvolver em todos os sentidos, seja física, mental, psíquica e espiritualmente.
Note-se que este caminho existencial não se faz com a mera sucessão dos anos e do desenvolvimento biológico, mas se faz com a consciência da responsabilidade de dar significado ao fato de se estar aqui neste universo, neste momento da história.
Viver é lindo, é nobre, é sagrado, pois a vida é um dom.
Mas existir vai mais além. Existir é deixar transparecer em nós a presença do Divino que nos criou e nos colocou aqui.
É claro que a existência supõe a vida. Não se poderia existir sem viver. Mas também é claro que se pode apenas viver, condição bem mais fácil.
O processo vida exige apenas os cuidados pela sua manutenção, não mais do que isso. Já, o processo existência, nos pede empenho, participação, responsabilidade pelas escolhas, compromissos conscientes, dedicação e algumas renúncias. Tudo bem mais difícil e exigente.
Adalto Luiz Chitolina
Jornalista