top of page
  • Adalto Luiz Chitolina
  • 25 de set. de 2020
  • 3 min de leitura

Especialistas dizem, e há muita literatura sobre isso, que praticamente nós temos duas fases na vida: a primeira idade, que vai até, mais ou menos, pelos 40 anos, e a segunda, a partir daí. Falei sobre isso há alguns dias, quando mencionava as fases do EGO e do SI MESMO. Prossigo na mesma direção.

Na primeira metade da vida é natural e necessário que todos tenhamos em mente algumas metas a atingir. Para tal, estudamos, nos empenhamos, buscamos nos especializar em algo, encontramos alguém para constituir uma família, perseguimos um ideal de consagração, enfim, temos algo em mente, pelo que nos dedicamos com afinco. Não estranha que, nesta fase, consigamos abrir mão de muitas coisas, visando a meta traçada. Compreendemos que nem sempre é possível conciliar nossas metas com o desfrutar todas as satisfações do momento. É o preço a ser pago, que nós fazemos naturalmente e sem muitas queixas interiores. Claro que há satisfações, alegrias, mas muito mais em função das conquistas alcançadas do que outra coisa. Quem não lembra o dia seu casamento, da sua consagração, da sua ordenação sacerdotal, da sua formatura na universidade, do nascimento dos seus filhos, daquela promoção no emprego, da compra da casa, do carro novo. São lembranças muito vivas em nossa memória, afinal, conquistamos! Atingimos a meta! E nós nos orgulhamos disso. Afinal, a satisfação da conquista foi fruto do nosso empenho, do nosso esforço, das nossas muitas renúncias, que, diga-se de passagem, hoje vemos que nem nos custaram tanto, pois tínhamos algo maior pela frente! E de conquista em conquista, chegamos à segunda metade da vida. Superamos com êxito a primeira fase.

Mas a vida precisa continuar...

E agora, tomamos consciência de que as metas já não nos sustentam mais. Entramos numa fase em que precisamos considerar a vida sob outra perspectiva.

Eu costumo dizer que finalmente, ao chegarmos aqui, entendemos que a vida não é uma sucessão de metas a serem atingidas, mas uma jornada a percorrer. Claro que só vamos entender isso agora. Não fosse assim, não teria sentido estarmos aqui, pois toda a nossa energia, nosso conhecimento, nossas capacidades precisavam ser colocados em algum objetivo bem específico.

Quando falo em jornada, inevitavelmente me vem a ideia de algo que não tem um fim estabelecido, antes, é um caminho a ser percorrido. Pensemos, por exemplo, na “jornada mundial da juventude”, que é um evento sempre em pauta, ora num país, ora noutro. Mas não termina. Isso é jornada.

Trazendo este conceito para a nossa reflexão, podemos pensar na segunda metade da vida como uma jornada, um caminho, uma peregrinação que vai acontecendo. E a expressão é esta mesmo, VAI ACONTECENDO. Numa jornada não se tem pressa. Numa jornada, precisamos parar de quando em quando para tomar fôlego, para descansar, para refletir. Numa jornada, vamos nos dando conta da beleza do caminho, da riqueza que é contar com quem está ao nosso lado. Numa jornada, não estamos visando a meta, mas estamos “apenas” caminhando. Já não há mais a “loucura” que era ter de fazer tudo, correr para dar conta... não precisamos mais. Estamos na jornada! E o movimento agora é outro. Antes, corríamos para chegar lá! Agora, calmamente vamos avançando rumo ao nosso definitivo, à nossa plenitude, àquilo que vai dar todo o sentido e razão às nossas inquietações e buscas.

Há muita satisfação nesta fase, mas não mais a satisfação das conquistas, senão que, a satisfação do encontro de Si Mesmo, do encontro com os valores Transcendentes, do belo que nos rodeia, do simples que, talvez, por termos estado tão atarefados, nem percebíamos! Na jornada, não precisamos mais corresponder a expectativas, não temos mais que agradar ninguém, não estamos mais sujeitos a um papel. Antes, temos a satisfação de sermos nós mesmos, genuinamente quem somos.

Mas, há quem viva como se na segunda metade, ainda se devesse perseguir metas. Uma pena, pois assim, muita beleza não será jamais percebida e nem vivida. Sem falar no prejuízo de nunca vir a ser quem se é chamado a ser.

 
 
 
  • Adalto Luiz Chitolina
  • 25 de set. de 2020
  • 2 min de leitura

Dia desses ouvi, numa partilha, um assunto que me levou a ponderar o que segue.

Não é raro perceber que, nas instituições em geral, se faz certa confusão com os termos autoridade e poder. Aliás, nem sempre isso está claro para quem está à frente de um grupo. Pior ainda quando quem está à frente é uma pessoa insegura, limitada e com poucas condições de ser líder. Sim, pior, porque neste caso, a confusão entre os dois termos se torna ainda mais intensa e, consequentemente, mais danosa.

Alguém me dizia, certa ocasião, que na sua percepção, a autoridade à qual estava submetida por força das circunstâncias daquele momento, não era um apoio aos seus membros, mas simplesmente lhes tolhia as iniciativas. Bom, neste caso, não estamos falando de autoridade, mas sim, de poder. Me explico.

Quando se trata de autoridade, é uma questão de apoio, incentivo, coordenação, gerenciamento, de fazer fluir a vida, de ver as potencialidades e provocá-las para que desabrochem. Quem exerce uma autoridade constituída tem esta missão. Depende dela o caminhar do grupo que a tem como alguém de referência, no sentido de ser aquela pessoa que estimula e enxerga potencialidades nos outros.

Já, o poder vai noutra direção. Quem tem poder manda, domina, exige, impõe, cobra, controla, mantém tudo sob sua vigilância direta. Tudo precisa do seu aval, do seu carimbo, da sua assinatura, da sua última palavra. Nada é criado, produzido ou pensado sem o seu consentimento. Não é difícil entender o dinamismo que está por trás destas posturas: sua insegurança pessoal precisa ser abafada com atitudes de controle e dominação. Como um líder assim não tem segurança em si, também não confia em ninguém. E precisa então, doentiamente, do controle completo de tudo.

Quem tem autoridade não precisa destas posturas. Autoridade não é um atributo que nos venha com uma nomeação, designação, escolha ou eleição. Autoridade é uma virtude interior, que unida ao papel de direção, sabe docilmente conduzir o grupo, não a partir da força e do medo, mas da confiança e do apoio. Por isso que, como vemos frequentemente, tem muitas pessoas com poder, poucas, porém, com autoridade.

Uma verdadeira autoridade não precisa lançar mão do seu poder. Sua própria postura já indica o caminho. Quem está sob sua liderança não precisa de ameaças, de controles, sente-se impulsionado a seguir o caminho, apenas confiando na autoridade constituída, pois o caminho é claro.

Quando quem está à frente é alguém que tem poder, há sempre muito medo da eventual punição. E o medo sempre paralisa, trava, gera mais insegurança. E então, aquela pessoa que me disse a frase acima, tem razão. Só que, com os termos invertidos: “a pessoa que está à nossa frente, por ser uma pessoa que está no poder, não nos apoia, mas nos tolhe as iniciativas”. E eu lamento com ela, pois muitas iniciativas boas, morrem nas mãos dos que tem o poder! É muito triste!!!

 
 
 

© 2023 by Arianna Castillo​. Proudly created with Wix.com

bottom of page